Caro internauta, gostaria de que lesse este texto do exegeta Pe. Ignace de La Potterie.
Como nos manifesta Dom Henrique Soares, no seu blog visão cristã, "um grande exegeta e teólogo que é fiel a Cristo e à fé da Igreja, sem escorregar nas bobagens e teorias heterodoxas de tantos “teólogos” de hoje".
É bom termos contato com textos como esse que nos apresentam reflexões tão bonitas acerca de nossa fé. O texto pode ser encontrado no seguinte endereço: http://www.30giorni.it/br/articolo.asp?id=22046.
Aprecie.
Filhos de Deus não se nasce, torna-se!
(apenas uma primeira parte que nos deixa com vontade de degustá-lo ainda mais) [NA]
A Igreja celebrou há pouco com o Santo Natal o nascimento no tempo do Unigênito eterno Filho de Deus. Segundo uma teologia cada vez mais difusa, com a encarnação do Filho derivaria de maneira automática a atribuição imediata da filiação divina a cada homem. No sentido que todo homem, que o saiba ou não, que o aceite ou não, vive já radicalmente em Cristo. Segundo esta teologia, Cristo, ainda antes de ser o chefe da Igreja, é o chefe de toda a criação. Todo homem lhe pertence antes mesmo de ser alcançado e transformado pelo seu Espírito.
Esta concepção pretende encontrar um aval na afirmação de Santo Tomás de Aquino segundo o qual “considerando a generalidade dos homens, por todo o tempo do mundo, Cristo é o chefe de todos os homens, mas segundo graus diversos” (Summa theologiae III, 8,3) retomada da constituição pastoral Gaudium et spes do último Concílio: “Com a encarnação o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo homem” (22). Mas se fossem retiradas da frase da Summa theologiae e da frase da Gaudium et spes os incisos “segundo graus diversos” e “de algum modo” não se respeitariam todos os dados da fé católica. E de fato o mesmo Concílio na constituição dogmática Lumen gentium (13), seguindo fielmente a Tradição, distingue claramente entre a chamada de todos os homens à salvação e a pertença em ato dos crentes à comunhão de Jesus Cristo. Segundo o método próprio de toda a revelação bíblica.
Se, com a encarnação do Verbo, a filiação divina fosse atribuída imediatamente a cada homem, o mistério da escolha ou eleição e portanto a fé, o batismo e a Igreja não teriam mais algum papel constitutivo para a salvação: a missão da Igreja no mundo seria apenas a de fazer todos os homens do mundo tomarem consciência desta salvação já presente no profundo de cada um. Em suma, cada homem, na virtude da encarnação do Verbo, conquistaria automaticamente, mesmo se inconscientemente, “a existência em Cristo” recebendo assim, em virtude da sua transcendência como pessoa humana, os efeitos salvíficos da redenção operada por Jesus Cristo. Seria um “cristão anônimo”.
Já Erik Peterson, o famoso estudioso alemão convertido do luteranismo ao catolicismo, no seu ensaio de 1933 Die Kirche aus Juden und Heiden (A Igreja composta por Judeus e Gentios), comentando os capítulos de 9 a 11 da carta de São Paulo aos Romanos, explicava que não pode existir um cristianismo reduzido à ordem meramente natural, no qual os efeitos da redenção operada por Jesus Cristo seriam transmitidos geneticamente, por via hereditária, a cada homem, pelo único critério de compartilhar com o Verbo encarnado a natureza humana. A filiação divina não é o êxito automático garantido pela pertença ao gênero humano. A filiação divina é sempre um dom gratuito da graça, não pode prescindir da graça doada gratuitamente no batismo e reconhecida e acolhida na fé. Um trecho de São Leão Magno, lido na liturgia do Advento, esclarece com precisão a relação entre a encarnação e o batismo: “Se Aquele, que é o único livre do pecado, não tivesse unido a si a nossa natureza humana, toda a natureza humana teria permanecido prisioneira sob o jugo do diabo. Nós não poderíamos ter tido parte à gloriosa vitória dele se a vitória tivesse sido reportada fora da nossa natureza. Por causa desta admirável participação à nossa natureza resplendeu para nós o sacramento da regeneração, para que, em virtude do mesmo Espírito por obra do qual foi gerado e nasceu Cristo, também nós, que nascemos da concupiscência da carne, nascêssemos de novo de nascimento espiritual”. E Santo Agostinho no De Civitate Dei escreve: “A natureza corrupta pelo pecado gera, portanto, os cidadãos da cidade terrena, enquanto a graça que libera a natureza do pecado gera os cidadãos da cidade celeste. Por isso os primeiros são chamados vasos de ira: os outros são chamados vasos de misericórdia. Existe um símbolo disso também nos dois filhos de Abraão. Um, Ismael, nasceu segundo a carne da escrava Agar, o outro, Isaac, nasceu segundo a promessa de Sara, que era livre. Ambos são estirpe de Abraão, mas uma relação puramente natural fez nascer o primeiro, enquanto que a promessa que é o sinal da graça doou o segundo. No primeiro caso se revela um comportamento humano, no segundo caso se revela a graça de Deus”.
(...)
Fonte: Blog Visão Cristã.
Como nos manifesta Dom Henrique Soares, no seu blog visão cristã, "um grande exegeta e teólogo que é fiel a Cristo e à fé da Igreja, sem escorregar nas bobagens e teorias heterodoxas de tantos “teólogos” de hoje".
É bom termos contato com textos como esse que nos apresentam reflexões tão bonitas acerca de nossa fé. O texto pode ser encontrado no seguinte endereço: http://www.30giorni.it/br/articolo.asp?id=22046.
Aprecie.
Filhos de Deus não se nasce, torna-se!
(apenas uma primeira parte que nos deixa com vontade de degustá-lo ainda mais) [NA]
A Igreja celebrou há pouco com o Santo Natal o nascimento no tempo do Unigênito eterno Filho de Deus. Segundo uma teologia cada vez mais difusa, com a encarnação do Filho derivaria de maneira automática a atribuição imediata da filiação divina a cada homem. No sentido que todo homem, que o saiba ou não, que o aceite ou não, vive já radicalmente em Cristo. Segundo esta teologia, Cristo, ainda antes de ser o chefe da Igreja, é o chefe de toda a criação. Todo homem lhe pertence antes mesmo de ser alcançado e transformado pelo seu Espírito.
Esta concepção pretende encontrar um aval na afirmação de Santo Tomás de Aquino segundo o qual “considerando a generalidade dos homens, por todo o tempo do mundo, Cristo é o chefe de todos os homens, mas segundo graus diversos” (Summa theologiae III, 8,3) retomada da constituição pastoral Gaudium et spes do último Concílio: “Com a encarnação o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo homem” (22). Mas se fossem retiradas da frase da Summa theologiae e da frase da Gaudium et spes os incisos “segundo graus diversos” e “de algum modo” não se respeitariam todos os dados da fé católica. E de fato o mesmo Concílio na constituição dogmática Lumen gentium (13), seguindo fielmente a Tradição, distingue claramente entre a chamada de todos os homens à salvação e a pertença em ato dos crentes à comunhão de Jesus Cristo. Segundo o método próprio de toda a revelação bíblica.
Se, com a encarnação do Verbo, a filiação divina fosse atribuída imediatamente a cada homem, o mistério da escolha ou eleição e portanto a fé, o batismo e a Igreja não teriam mais algum papel constitutivo para a salvação: a missão da Igreja no mundo seria apenas a de fazer todos os homens do mundo tomarem consciência desta salvação já presente no profundo de cada um. Em suma, cada homem, na virtude da encarnação do Verbo, conquistaria automaticamente, mesmo se inconscientemente, “a existência em Cristo” recebendo assim, em virtude da sua transcendência como pessoa humana, os efeitos salvíficos da redenção operada por Jesus Cristo. Seria um “cristão anônimo”.
Já Erik Peterson, o famoso estudioso alemão convertido do luteranismo ao catolicismo, no seu ensaio de 1933 Die Kirche aus Juden und Heiden (A Igreja composta por Judeus e Gentios), comentando os capítulos de 9 a 11 da carta de São Paulo aos Romanos, explicava que não pode existir um cristianismo reduzido à ordem meramente natural, no qual os efeitos da redenção operada por Jesus Cristo seriam transmitidos geneticamente, por via hereditária, a cada homem, pelo único critério de compartilhar com o Verbo encarnado a natureza humana. A filiação divina não é o êxito automático garantido pela pertença ao gênero humano. A filiação divina é sempre um dom gratuito da graça, não pode prescindir da graça doada gratuitamente no batismo e reconhecida e acolhida na fé. Um trecho de São Leão Magno, lido na liturgia do Advento, esclarece com precisão a relação entre a encarnação e o batismo: “Se Aquele, que é o único livre do pecado, não tivesse unido a si a nossa natureza humana, toda a natureza humana teria permanecido prisioneira sob o jugo do diabo. Nós não poderíamos ter tido parte à gloriosa vitória dele se a vitória tivesse sido reportada fora da nossa natureza. Por causa desta admirável participação à nossa natureza resplendeu para nós o sacramento da regeneração, para que, em virtude do mesmo Espírito por obra do qual foi gerado e nasceu Cristo, também nós, que nascemos da concupiscência da carne, nascêssemos de novo de nascimento espiritual”. E Santo Agostinho no De Civitate Dei escreve: “A natureza corrupta pelo pecado gera, portanto, os cidadãos da cidade terrena, enquanto a graça que libera a natureza do pecado gera os cidadãos da cidade celeste. Por isso os primeiros são chamados vasos de ira: os outros são chamados vasos de misericórdia. Existe um símbolo disso também nos dois filhos de Abraão. Um, Ismael, nasceu segundo a carne da escrava Agar, o outro, Isaac, nasceu segundo a promessa de Sara, que era livre. Ambos são estirpe de Abraão, mas uma relação puramente natural fez nascer o primeiro, enquanto que a promessa que é o sinal da graça doou o segundo. No primeiro caso se revela um comportamento humano, no segundo caso se revela a graça de Deus”.
(...)
Fonte: Blog Visão Cristã.
Por Seminarista Alisson P. Gomes.
Ordem de Santo Agostinho
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