terça-feira, 22 de março de 2011

Quaresma, tempo de conversão



Por seminarista Rafael dos Santos*


Sempre que a Igreja está perto de uma grande festa ela se prepara. Ao decorrer do ano litúrgico vemos o quão ela dá ênfase aos grandes acontecimentos da história da salvação que tem como centro o Cristo, enviado por Deus para nos redimir com seu sangue.
O mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus é celebrado a cada eucaristia, mas vivido intensamente nos tempos que nos proporciona a santa mãe Igreja. São eles momentos de reflexão na fé que cremos e conversão contínua do coração ao Cristo que professamos. Sem lógica ficaria este crer sem um autêntico testemunho de vida. Assim como uma fé morta, não edificaria nada e o que construísse seria vazio como ela e cederia com a primeira ventania do dia.
Como no advento, agora na quaresma somos convidados à uma vida segundo os desígnios de Deus, que já tendo enviado seu Filho no natal, agora nos faz partícipes de sua natureza pelo sacrifício da Cruz, sinal do amor que ele nos cumula, cumprindo a promessa feita a nossos pais.
É sem duvida um tempo privilegiado de conversão e, sobretudo, de escuta da palavra de Deus. Este é o tempo de preparação para o ápice da vida terrena do Messias; o servo sofredor que veio para fazer a vontade de seu Pai celestial, a sua páscoa. Assim mortos com Cristo e ressuscitados nEle, devemos viver segundo uma moral de ressuscitados e não segundo os interesses e desejos nossos e deste mundo, que muitas vezes são tão contrários aos desígnios de Deus. Vivamos, pois, o exemplo de Cristo, que prova pela sua vida, que não há nada mais importante que a obediência ao Pai.
É um tempo de penitência e encontro com Jesus Eucaristia. O Concílio Vaticano Segundo recomenda que “a penitência quaresmal não seja só interna e individual, mas, sobretudo externa e social. E a prática penitencial, segundo a as possibilidades de nosso tempo e das diversas regiões, como também consoante as condições dos fiéis" (SC 110). Participar do sacrifício da Santa Missa significa percorrer, juntamente com Cristo, o itinerário da provação e assumir, como participantes de sua vida, a sua cruz, que por justiça é mais nossa do que dEle.
A liturgia da palavra deste tempo vai focar a conversão do coração como meio de conversão. Convida-nos a fazer dele o altar do sacrifício onde devem ser imoladas as nossas vontades e interesses. É comum no evangelho a crítica de Jesus ao farisaísmo e com mais relevância à hipocrisia. Se formos à origem etimológica da palavra, veremos que hipocrisia deriva do grego  hipo (abaixo, escondido)  crisis (jugo, julgamento). L
iteralmente diríamos: é aquele que tem pouco juízo, não pensa bem as coisas, ou que tem o juízo escondido, que tende a esconder sua real maneira de ser. Logo, Jesus condena essas práticas de vida dupla e imoralidades próprias de seu tempo e tão comuns na sociedade hodierna.
Enfim, o tempo quaresmal é um tempo de conversão. De mudança de hábitos, de mudança de coração.
Eis que o reino de Deus está perto. E, como vai a minha vida? Como vai a minha caminhada para conquista deste novo reino que se anuncia? Devo estar restaurado como uma veste esplendorosa, lavada pelo sangue do cordeiro.

*Seminarista da diocese de Frederico Westphalen – RS cursando o 2º de  filosofia no ano de 2011 no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil
terça-feira, março 22, 2011Anônimo1 comment

Um comentário:

  1. parabens excelente texto. com profunda reflexão teológica.

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