quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Paixão de Jesus Cristo e nossa Vida


"Eram na verdades nossos sofrimentos  que ele carregava, eram as nossas dores, que levava nas costas”. (Is 53, 4)


Queridos irmãos,

Celebraremos, nesta Grande Semana, o ministério de nossa fé, Jesus Cristo, o Filho de Deus, que dá a sua vida em remissão dos pecados da humanidade. Rememorar o dia em que o véu do templo se rasgou de alto a baixo como sinal de repúdio ao brutal crime que foi cometido. Julgamos como más as atitudes de um bom homem, o condenamos, e matamos um inocente.
Isaias no capitulo 53, revela-nos o verdadeiro sentido da obediência, apresenta-nos um servo humilde, compassivo, que coloca sua missão em primordial lugar, acima. Aquele que não haverá de trair sequer a nenhum pedido de Deus. Aquele que foi desprezado por todos, a quem achávamos que fosse um castigado de Deus, mas ao contrário disto “estava sendo traspassado por causa de nossas rebeldias” estava sendo esmagado por nossos pecados.            
O servo de Javé é o próprio Jesus, o cordeiro imolado que levado ao matadouro não abre a boca, apenas observa tudo ao seu redor. Mas, meus irmãos, o que não entendemos: o cordeiro, animal irracional, tem como destino morrer para saciar a fome do homem, mas, ao contrário, um homem teve que morrer assinado para saciar a sede de vida dos que se encontravam sedentos e perdidos nas sombras da morte.
Quem se preocupou com a vida dele? Certamente nenhum daqueles que o viram morrer, pois enquanto o Filho do Homem morria na cruz, sofria com os infortúnios que o atingiam naquele momento. E, assim, esqueceram-se que “eram as nossas dores que ele carregava”, era sobre os doces ombros humanos que pesava o grosseiro lenho da cruz.
O que fizemos por ele? Onde nos escondemos enquanto ele padecia? Será que fomos tão infiéis como Simão Pedro, que ao perceber o liminar da condenação diante dele e super alimentado pelo medo humano, preferiu negar ter qualquer parte com Jesus ao aceitar o suplicio? Quão mesquinha esta atitude, mas quão sublime a intenção de Deus - permitir que Pedro pecasse, negasse o Filho, para depois se reconhecendo, aceitando-se um pecador, limitado e cheios de fraquezas, pudesse voltar atrás, pedir perdão e receber em troca a coroa inacessível da vitória sobre o pecado.
Amados irmãos, foi neste momento de maior dor carnal, espiritual e moral, que Jesus percebendo a dor de sua mãe e angustiado com o sofrimento daquela que o gerou, não se manteve passivo, mas tentou de todas as formas confortá-la e decide por deixá-la sob os cuidados do discípulo que ele mais amava - "mulher eis aí teu filho” - e vira-se para o discípulo, que também indagando-se acerca do motivo para toda aquela brutalidade, o entrega a missão de cuidar da mãe de seu Mestre - “eis a tua mãe”  - e, deste momento em diante, o discípulo acolhe a Mulher.
É a Igreja que acolhe a mãe das dores, a virgem que foi fiel a Deus até na cruz, de onde não saiu, pois queria acompanhar aquele homem que há tempos era um menino que a mãe ensinava a falar, andar, a ser gente e que, agora, essa mãe contemplava suspenso num madeiro; o pequeno que entre os doutores dava insignes ensinamentos, o menino que sorria ao olhar pro céu e na cruz se entristece por saber que esta morrendo sozinho e abandonado.
A mesma mulher, mãe adotiva do discípulo amado, recebeu em seus braços o seu filho. Quanta dor existe neste coração tão humano, quanta aflição ao ver morto em seus braços o filho que um dia embalou para que dormisse. Maria contempla a tarde que cai, o céu que fica nublado e aquele que era pra ser garantia de salvação de todos, volta ao Pai eterno sob os carinhos de sua senhora. A mãe perde seu filho, nós nossas esperanças. Enquanto n’Ele a dor é cessada, em nós a fé se esvai e nela a dor torna-se mais aguda.
Quanta dor no coração de Maria. Quanta dor também existe no coração de tantas mães que perdem seus filhos para o mundo, que se envolvem nas suas mais supérfluas ilusões.
Meus irmãos que são pais, minhas irmãs que são mães, caros jovens filhos, rezemos para que não caiamos na tentação do mundo, rezemos para que não usufruamos dos prazeres terrenos de forma exacerbada a ponto de esqueçermo-nos das alegrias celestes.
Aproximando-nos para vivermos os santos mistérios de nossa fé, o Senhor nos convida a olharmos com mais carinho para nossa vida, para nosso lar, para nossa mãe terra. Não a deixemos morrer. Ela geme como em dores de parto e nos implora que cessemos com tanta destruição. O que nos foi dado gratuitamente, nos foi apenas como garantia de vida, e não para usá-lo ao nosso bel prazer, esquecendo-nos da preservação.
Não façamos como os que condenaram o servo de Javé, que se esqueceram que ele veio para nos garantir vida, e vida em plenitude. Lembremos da função e existência dessa mãe tão bondosa que não cessa de nos conceder seus bens para nos trazer o Bem.
Irmãos, cuidem com mais atenção de nossa mãe terra, sobretudo neste tempo onde as catástrofes assolam a população mundial. E isto não tem outros culpados além de nós mesmo e, como pecadores arrependidos, reconciliados com Deus através de Jesus Cristo, assumamos nova postura, e esta de escrúpulo diante da situação da nossa genitora mor.
Fiquem com Deus e uma Semana Santa cheia de paz a todos Vocês.


Ps.: Irmãos, somos conscientes de que nossa missão como propagadores do Senhor não é simples, nem tão pouco fácil, mas é necessário que o reino de Deus seja anunciado. Por este motivo, parto amanhã em missão para o sul de Minas Gerais, na cidade de Campos Gerais, e estarei celebrando a Semana Maior junto com o povo de Deus daquela região. Peço a oração de intercessão de todos.
Sem. Alisson Paulo Gomes. 
 Ordem de Santo Agostinho.  

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